
Uma vez estava falando sobre a receita de um purê – aquele de mandioca, com creme de leite e parmesão ralado, quando fica cremoso e quente – e uma amiga, engolindo a seco, o definiu:
- Isso é Deus em forma de purê?Não tinha ouvido nada mais exagerado em minha vida até então.
Um outro chef me contou que, num jantar, uma convidada veio lhe agradecer – chorando - e o abraçou apertado, após comer seu filé au poivre, aquele medalhão dourado e lindo de mignon, banhado de molho à base de caldo de carne do mais artesanal com pimentas verdes frescas.
Chorando? Também nunca tinha visto isso!
Mas existe um comportamento único, e esse, você pode estar no sul do Rio Grande do Norte ou no norte do Rio Grande do Sul, ou ainda do outro lado do mundo, no meio do oceano, não importa, é universal. É quando se trata do minuto exato de experimentar aquilo que tanto se quer, de deixar a boca e todos os sentidos em êxtase, da mastigação que faz você esquecer por completo que carrega um corpo vestido, e os olhos se fecham, e a cara que se faz é quase de dor. Depois solta aquele som meio desmaiado, no momento em que os ombros caem: “huuuuuuuuuuuuuummmmmmmmmmmmmmmmmmm...”
Foto: Regina Bui
4 comentários:
Eis aqui mais um texto bem temperadinho.
Delícia!
Que delicia de texto.
Bom fim de semana e bjs
isso é verdade e se acharem exagero, ok, rsrsrs...mas, uma boa comida, aquela q preenche todos os sentidos equivale sim, a um orgasmo...
Orgasmos e nirvanas através do paladar, experiência mística que so nossos pratos favoritos nos permitem.
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