DISCURSOS GASTRONÔMICOS E MACARRÔNICOS

terça-feira, 29 de junho de 2010

É chegada a hora

A Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária - baixou uma resolução que estipula regras rígidas para propaganda de alimentos que contenham excesso de açúcar e gordura. A Abia - Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação - por sua vez, informou que irá contestar na Justiça a medida tomada.
Sem entrar na questão da Abia, que neste blog dispensa comentários, eu gostaria de saber quando é que a Anvisa vai proibir de vez a fabricação de alimentos que não nem chegam nem perto de ser comida de verdade.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Mandioca é doce?

Moro num bairro rural, cercada de chácaras e sítios, com direito a visitas de cavalos e bois que passeiam pelas ruas de terra em busca de capim fresco, de preferência limpos e com gotas de orvalho ou chuva – presumo. Nada diferente do que vivemos fazendo, sempre em busca de algo melhor para matar a fome de todas as horas, mesmo que esse melhor seja um pacotão de bolachas wafer de morango.
Acontece que cada vez mais me surpreendo do quanto estamos distanciados do que é natural, da terra, do jeito que Deus criou.
O Rodrigo, que há um tempo trabalhou como jardineiro aqui em casa, conseguiu permissão com o proprietário de um terreno desocupado para plantar legumes e verduras. Montou sua barraquinha de toldo azul e quase toda tarde e finais de semana vende o que colheu no dia: gigantescas espigas de milho verde, alface, couve-flor, couve manteiga, cheiro verde, espinafre. O brócolis, por exemplo, vem com longas folhas, o que eu adoro e não entendo por que a maioria das pessoas descarta essa delícia. A rúcula é mais forte de sabor, mais encorpada e mais crocante do que a encontrada nos supermercados. O repolho tem folhas tão compridas que enrolam nas pontas, como um papiro. Os rabanetes, ainda bem vivos, vêm cheios de terra, recém-saídos de suas covas úmidas, assim como a mandioca, que me apresentou um sabor que eu não conhecia – o de mandioca!
Comprei meia bacia dos robustos pedaços por R$ 1,00 – isso mesmo – e depois de limpos, tasquei-os na panela de pressão. Meia hora depois, os nacos amarelos e macios estavam fritando no tacho, a todo vapor.
Na hora de experimentar, uma surpresa além da crocância sequinha e indescritível que a mandioca frita pode ter: um leve adocicado – sutil, como o damasco – me surpreendeu de fato. Uai, e por acaso mandioca é doce? Aquela estava, bem no fundo, mas estava mesmo.
Acostumada a consumir mandioca de supermercado, e até de feiras, certamente cultivadas com algum tipo de química, não sabia que poderia conhecer uma outra mandioca.
A barraca do Rodrigo é orgânica? Acho injusto chamá-la assim e também muito sofisticado, considerando que os alimentos orgânicos são mirrados e distantes do poder aquisitivo de muita gente. Prefiro chamá-la de barraca dos alimentos naturais, da terra, do jeito que Deus criou.
Agora um artesão local de queijos colocou seus produtos na banca do Rodrigo e aos poucos sua pequena feira vai se incrementando.
Onde: na esquina da estradinha que leva ao Vale das Garças com a entrada do bairro Village, em Barão Geraldo (Campinas).

sexta-feira, 18 de junho de 2010

O melhor do pior

Uma vez uma pessoa disse para outra: “pegue o seu pior e faça dele o melhor.” Surgiu então, da mente dessa segunda pessoa, uma peça de teatro muito bonita, dessas que falam de sofrimentos de amor - uma história real.
Tive uma semana ruim, com uma gripe batendo na porta e, mesmo não tendo eu aberto nem uma fresta sequer, numa noite destas a dita se espichou em minha cama. Mas não me entreguei. Ela insiste em me seguir como uma sombra, me acompanhando até nos momentos de maior intimidade, mas graças a uma boa alimentação a base de sucos reforçados, legumes, carnes e verduras, meu corpo continua só meu! Bem, menos o nariz. E a garganta nós estamos dividindo.
Do pior da semana, o máximo que consegui foi escrever este texto pobre, pois confesso que a gripe também me causa um pouco de sonolência, o que não é de todo ruim. Mas já dei um ultimato na peste e tenho certeza de que logo ela desiste de me atormentar. Estaria mais brava se não estivesse sentindo o gosto das coisas, isso sim me deixaria possessa! Menos mal.
Agora, se me permitem, vou atender a um rocambole úmido e fofo que me chama na cozinha.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Farmácia na cozinha

Vivo aqui neste blog incentivando o uso das ervas frescas (tão esnobadas na hora das compras), para temperar a sagrada comida do dia-a-dia. Não só pelo prazer de degustá-las, pois enobrecem toda e qualquer receita, registro aqui um pouco de seus milagres:

Tomilho – erva sagrada para os antigos, sempre inspirou os poetas pelo seu perfume exótico. Thymus deriva da palavra grega thymon, que significa coragem. O tomilho pode ser usado para limpar o organismo de impurezas, tanto físicas quanto emocionais (raiva, frustração, inveja), além de ser muito digestivo. Trata das infecções por fungos, dores de garganta e ciática.

Manjericão (alfavaca) – ótimo para combater gases, dores intestinais, apendicite, cistite, pneumonia, angina, sinusite, dores de cabeça em conseqüência de má alimentação e tonturas. Sua energia é suave e calmante.

Sálvia – excelente remédio contra o stress. Tem propriedades tônicas, diurética, anti-reumática, perfeita para higiene bucal, ajuda nas estomatites, aftas, brônquios e equilibra a diabetes.

Alecrim – revigorante e estimulante para a mente e o corpo. Bom para tosses, bronquites, reumatismos e artrites, pressão alta, dores de estômago, má digestão e cicatrização.

Erva-doce (funcho, aneto, endro, dill) – ótima para enxaqueca, vesícula e para quem sofre de angina, pois limpa veias e artérias. Também auxilia nas dietas de emagrecimento, cólicas intestinais, azia e ajuda na formação de leite em mulheres que amamentam.

Menta – contra perda de memória, stress, asmas e cólicas de origem nervosa, auxilia a digestão, é antitérmica e diurética.

Salsa – atua em todo o organismo, principalmente no fígado. É expectorante, boa para a bexiga, falta de apetite, inflamação dos olhos, pneumonia, febre, reforça a imunidade, combate hemorragias, gripes, inflamações na uretra e fortalece o baço.

Manjerona – indicada contra fraqueza dos músculos e nervos.

Hortelã – tônico indicado contra prisão de ventre, vermes, reumatismo, e também usada como calmante.

FONTES: MARIA TERESA MODRO E PROF. JAIME BRÜNING