DISCURSOS GASTRONÔMICOS E MACARRÔNICOS

terça-feira, 27 de outubro de 2009

As coxas gordas na intimidade

Você que é vegetariano e tem alguma tendência a problemas cardíacos, evite o texto. Ele contém descrições de cenas muito chocantes.
Comer frango, justo aquelas partes com osso, é tão íntimo quanto ir ao banheiro. Quem degusta uma grande coxa ensopada num restaurante muito arrumadinho (pode ser um pato ou uma codorna, inclusive), faz uso de garfo, faca, destreza, paciência e muita formalidade, sem dúvida nenhuma.
Se o ambiente for uma churrascaria mais descontraída, arrisca segurar a extremidade do osso para abocanhar as partes molinhas e úmidas que se soltam do osso com facilidade. E o devolve no prato parecendo um grande cotonete - pelo menos as crianças fazem isso em público, sem culpa, e quem não faz, fica com vontade - porque roer as cartilagens das pontas nem pensar!
Devorar um frango à passarinho num boteco também não é o momento mais íntimo e revelador de um apreciador das partes tostadas da ave? Lambuzam os dedos sem medo algum, pois outros clientes fazem o mesmo no balcão.
Mas dentro de casa é o lugar e o momento dos fãs do tutano cozidinho que se regozijam em glória: quebram e sugam todos os ossos sem perdão nem dó, e fortalecem secretamente os dentes, prontos e afiados para uma próxima vez.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Kreativ Blogger Award


Ganhei gentilmente das meninas do INTEIRATIVA uma indicação para receber o Kreativ Blogger Award, que é um reconhecimento da blogosfera ao trabalho uns dos outros. Para ter o selo no blog, há uma lista de 7 itens a serem cumpridos. São eles: 1. agradecer a pessoa que te indicou; 2. copiar o logo e colocar no seu blog; 3. linkar a pessoa que te indicou para o prêmio; 4. listar 7 coisas sobre você (que possam achar interessante); 5. indicar outros 7 blogs para o Kreativ Bloggers; 6. postar links dos 7 blogs indicados; 7. deixar um comentário em cada blog para que saibam que você os indicou.

Meus blogs indicados são todos de culinária, pois resolvi homenagear a todas aquelas que queimam as mãos pela simples paixão de cozinhar:

Sobre mim:
1 – Preciso dizer que gosto de cozinhar?
2 – Venci uma depressão braba que durou anos, daí o nascimento do blog. Escrever, para mim, também é terapia.
3 – Adoro animais e bichos de estimação, mas não gosto de passarinhos engaiolados.
4 – Sou dessas que acha que o melhor lugar do mundo é a casa da gente.
5 – Detesto acordar cedo (mas fazer o quê?)
6 – Minha sobrinha disse que nunca me viu brava. Sei não...
7 - Não troco meus quarenta anos por nada.

sábado, 10 de outubro de 2009

A gente vê cada uma...

Vivo repetindo que deve ser tão fácil virar monge, ficar recolhido no topo de uma montanha e conseguir manter o equilíbrio estabilizado, sem ter que conviver com chefe, cunhado, filhos, que até eu atingiria a iluminação divina rapidamente.
Mas saindo do meu eu interior e voltando para o interior da cozinha, lembrei-me da história de um cliente mau-humorado que aparecia toda semana no restaurante onde trabalhava. Ele sempre reclamava com os garçons sobre tudo: comida, serviço, vinho, barulho e sabe lá Deus o que mais. Mas era um cliente super fiel. E tirava todo mundo do sério. O que é que poderíamos fazer?
Um dia, um garçom novato entrou na cozinha perguntando se era possível preparar um espaguete ao pesto, prato que não fazia parte do cardápio. Eu já sabia que o pedido era do tal cliente, que em quinze minutos estava sendo servido. Depois de um tempinho, chamei o garçom e disse:
- O negócio é o seguinte. Você vai chegar até a mesa e perguntar se ele gostou do espaguete. A resposta será NÃO! Mas não se assuste, porque ele nunca gosta de nada mesmo.
O garçom me olhava com cara de espanto. Prossegui:
- Pergunte em seguida, com muita delicadeza, se ele aceitaria uma outra sugestão. Ele recusará, pedirá um café e logo depois, a conta.
E assim aconteceu, conforme tudo foi dito, até que o cliente partiu e a tensão do ambiente se desfez.
O garçom retornou à cozinha, todo nervosinho e reclamão, querendo saber por que é que aquele homem frequentava o restaurante se lugar se não lhe agradava, como ele mesmo testemunhou. Romildo, cozinheiro de pavio curto, gritou lá do fundo, com a jugular saltando no pescoço e a faca na mão:
- Esse homem é a pedra no sapato de qualquer funcionário! É o demo de paletó engomado; aquele próprio que pedimos a Deus: “não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos de todo o mal...” Mas não. O homem vem aqui e nos tenta toda semana. Só que nós já aprendemos a ficar mansinhos com ele. Agora é tua vez, seu cabra!”

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Super Benvinda

Benvinda, que trabalha em casa, é neta de índio, cabocla forte. Entende de plantação e ervas medicinais como ninguém:
- Pro rim? Que quebra-pedra, que nada! Um bom chá de folhas de pata-de-vaca ou de raiz de feijão andu resolve tudo.
Outro dia me passou uma receita que não faltava no sítio, quando morava com a família no Paraná:
- Refoga a costelinha de porco naquele temperinho básico de azeite, cebola, alho, um tomatinho, uma folha de louro e sal. Quando tiver tudo douradinho, coloca uma tigela de canjica vermelha, "ponhada" de molho no dia anterior, com água e tudo. Deixa cozinhar bem. Depois que destampa a panela o cheiro chega longe...