DISCURSOS GASTRONÔMICOS E MACARRÔNICOS

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A cara do SEU Natal - segunda parte

Salve, salve! Voltando a falar do sabor do Natal, lembrei-me do classicão arroz com champanhe e amêndoas, prato que muita gente hoje acha horroroso ou brega. Isso é pessoal. Se você não gosta, não torne sua festa horrorosa ou brega.
Já vi gente feliz da vida no Natal diante de um prato de cuscuz muito bem ornamentado com sardinhas, palmito e ovos, e aquela consistência fofa e úmida, como uma esponja. O segredo? Muito azeite - depois que a farinha cozinha mais do que o necessário, um bom azeite incorpado na massa quente e temperada deixará seu cuscuz mais macio.
E quem já comeu tomilho fresco? Essa erva de folhinhas minúsculas é capaz de deixar saladas, molhos e assados com cara de chef de cozinha. Mas tem que ser fresco. Recheie o interior de um chester com galhos de tomilho, cozinhe um caldo de carne e vinho com tomilho ou polvilhe tomilho numa salada de folhas e frutas. Não existe possibilidade de erro, coisa que desejamos intensamente nas datas festivas de final de ano. Então comece com tomilho, quem sabe não se torna a simpatia de sorte da vez.
Desejo aos leitores, blogueiros e amigos um Natal que caia como uma luva. Que seja o seu número, a sua cor e a sua cara. Desejo um ano de felicidade gratuita, sem nenhum percalço e amém.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A cara do SEU Natal

O negócio é o seguinte: todo mundo quer fazer algo diferente no Natal. Ora, o sabor e o cheiro do seu Natal não é senão a mistura dos pratos trazidos pela família, os de sempre? Salpicão de frango da tia, tender com ameixas da vovó, farofa de passas da cunhada, peru temperado da Sadia... Se a gente muda tudo isso, como é que fica? Já imaginou se os parentes resolvem buscar receitas exóticas de última hora e na mesa natalina tiver molho Teriyaki, pudim de curry, strogonoff de cabrito ou farofa de quinua? Melhor não querer inventar. Cheiro de Natal é sagrado. Algumas dicas eu dou, mas nada pode ser muito diferente:
- Insisto em sugerir, como no Natal passado, triturar com as mãos castanhas portuguesas já cozidas, apenas misturadas com salsinha batida, nada mais. Essa farofinha simplória, artesanal e grandiosa pode acompanhar qualquer carne assada.
- O lombo de porco pode ser temperado como de costume e receber uma camada de geléia de damasco, 20 minutos antes de tirar do forno.
- O peru fica delicioso quando recebe banhos e banhos de suco de laranja enquanto doura lentamente.
- Uma salada de frutas natalinas cai bem: figos, ameixas vermelhas, uvas e cerejinhas, muitas lichias, regadas com um pouco de vinho espumante e hortelã.
No próximo post tem mais!

domingo, 13 de dezembro de 2009

O bife

A mulher queria bife. E quando é que ele teria tempo? Nem a aposentadoria garantiu-lhe sossego. Nem a viagem do filho ou a morte do cão. Ele queria tempo para sua poesia. Mas não era só um bife, tinha de ser à milanesa, empanado em clara de ovo e farinha de rosca. Há dois verões a mulher adoecida lhe tomava o tempo e um único sonho: escrever poesia. O bife, era preciso prepará-lo em etapas. E não havia farinha de rosca, mas algum pão amanhecido. Ele sabia que tinha talento. Precisava de inspiração, interrompida a cada hora. O que mais lhe ocuparia o tempo depois de preparar o bife? Talvez a limpeza da varanda ou o preparo de algum chá. A grandeza da insatisfação e da raiva que o dominavam era proporcional à mansidão, ao silêncio submisso e sem voz que não estava mais disposto a engolir. Culpa versus dever. Encarou a lâmina da faca, tão desafiadora naquele instante, mas lembrou-se que a carne viera cortada. Calado, descobria a cada momento um eu desconhecido. Tudo estava sob seu domínio, guiado pelas meticulosas ordens da mulher. Poderoso panaca. Apavorava-se e em seguida sorria nervoso. Antes, acreditava numa poesia construída a partir do amor, o mesmo que agora lhe cutucava com sarcasmo. Ralou o pão até os dedos, colocou pesado a panela no fogão, derramou com displicência o óleo, quebrou os ovos como se estilhaça vidro, separou a clara, afogou enforcada a carne na gosma até o fundo do prato, escorreu e jogou farinha, como terra seca. Esqueceu-se do sal. Até quando duraria aquela noite, que começou numa tarde qualquer e não tinha dia para acabar? Esperou o óleo ferver. Imaginou o estrago na pele. Pensou uma poesia densa, mas era inconcebível. Aquilo não combinava com poesia. A sua poesia nasceria no escritório ensolarado, com o cheiro de um bife sendo frito para ele. Soltou na gordura quente, com um gesto suave de carinho involuntário, a carne empanada de tempo perdido. (Desejava do futuro algum benefício antecipado: um funeral libertador). Mas tinha de esperar a carne sofrer – ao ponto para mais!, assim foi exigido.
Depois de meses, a mulher faleceu. Lançou seu primeiro livro de cozinha com suspense: nunca revelava os segredos das receitas.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Blog bem recomendado!

Culinaria Receitas

Culinaria-Receitas

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Imperdível

O Baba Ghannuge (pasta de berinjela), uma das principais entradas da cozinha libanesa, não pode faltar em nossa mesa como petisco em dia de visitas.
Porção para 6 pessoas:

2 berinjelas grandes - de casas escuras e lisas, pois os pontinhos amarelos sugerem a entrada de bichinhos brancos
½ copo de Thaine (creme de gergelim)
½ copo de suco de limão
2 colheres (café) de alho amassado
Azeite de oliva extra-virgem
Sal a gosto

Modo de fazer:

1 – Lavar as berinjelas, furar a casca com uma faca para não abrirem no forno
2 – Colocar as berinjelas numa assadeira e levar ao forno até que fiquem murchas e macias
3 – Abrir a casca e retirar toda a polpa com o auxílio de uma colher
4 – Bater a polpa no liquidificador com o Thaine, o alho, o suco de limão e o sal
5 – Acrescentar azeite sobre a superfície e servir com pães árabes