DISCURSOS GASTRONÔMICOS E MACARRÔNICOS

terça-feira, 5 de maio de 2009

Crianças à mesa

Criança é difícil. Julga o sabor da comida pelo visual e quando encasqueta, não quer saber de experimentar, nem pela promessa do presente dos sonhos em troca. Se bate o olho e vê alguma coisa que não agrada, vai logo apontando: “não quero aquilo ali porque tem uns verdinhos” ou, “não gosto daquelas bolinhas.”
O nosso único e inútil argumento é:
- Mas você nem experimentou!
Já peguei as manhas do que servir e de como servir no Anglo Gourmet, um almoço que acontece todas as quintas para os baixinhos, na cantina do colégio.
Os molhos, por exemplo, não podem ter pedaços de nada. Ervas picadinhas são perigosas. Carnes muito escuras nem pensar. Legumes diferentes são suspeitos. Tudo deve ser colorido, mas clean. E o prato tem que ter cara de playground. Não me pergunte como, mas tem!
Outro dia um garotinho não queria comer uma saladinha de batatas, lindinha, milimetricamente cortadas em cubinhos do mesmo tamanho.
- E se isso fosse um picolé, você não experimentaria pra ver se é bom? – perguntei, com as mãos na cintura.
Ele respondeu o óbvio:
- Mas TODOS os picolés são gostosos, tia!

Foto: Regina Bui

6 comentários:

Ana Paula disse...

Bom, vc já deve ter visto a série especial do Jamie Oliver na escola, né? Pois ele também chegou a essa conclusão sobre a aparência dos alimentos e fez um teste com as crianças vendadas...Eu jurava que ia funcionar, que elas iam provar sem ver e iam adorar. Mas não funcionou assim, elas mesmo sem ver rejeitavam o alimento. Não sei oq acontece, nem ele sabe, nem os psicólogos sabem (se é que sabem alguma coisa). Mas adorei a idéia do prato parecido com um plauground. Ah! adorei o novo texto de abertura.

andrea disse...

é, crianças são consumidores exigentes mesmo...mas, nao sei dizer se por sorte ou se por criação, meu filho é bem bacana nesse sentido...desde muito pequeno sempre teve uma curiosidade imensa por novos sabores, tudo q vê de diferente pede pra provar e se não gosta, ok, pelo menos parte dele mesmo a iniciativa.
E, outro dia, ele, q agora já é um adolescente, questionou os cardápios infantis q são oferecidos em qse todos os restaurantes serem de uma mesmice entediante, girando praticamente entre mini hamburgers, franguinho, batata frita, arroz, feijão! É muita falta de imaginação ou preguiça, isso pra não falar na formação do paladar de um consumidor futuro.

Regina Bui disse...

Ana Paula,
já vi o Oliver com cara de frustrado sim, por causa das crianças. A mesma cara que eu fico com essa experiência nova. Mas de qualquer maneira é divertido.

Regina Bui disse...

Oi Andrea,
pois é, os restaurantes não gostam de gastar muita energia com cardápios infantis, pois é sempre uma incógnita. O fato de criarem pratos exclusivos, diferentes e coloridos, não garante a satisfação dos pequenos de qquer maneira. Entendo os dois lados.
Sabe que tem criança que come sashimi de salmão só pq a cor é bonitinha, né? E não comem outro tipo de peixe. Vai entender...

Anônimo disse...

Uma coisa que descobrí como tia babona, é que criança vaí muito pelo ofato tambem, e cor , muita cor, mas como desenho animado,,,rs
e realmente, as sopas batidinhas somem rapidinho,,,mas se fíca pedacinhos na aparencia,,,hummmmmm aí o não é geral,,rs rs
crianças,,,,,sempre instigantes!
bjssss
mineira

DOIDINHA DA SILVA disse...

Menina, que blog bacana !
Lembrei do meu filho, que encasquetou que não gosta de azeitona...
É mole ?