
Hoje vou falar dos hábitos incorretos ou inúteis que praticamos dentro da cozinha. Para exemplificar, inicio com aquela velha e conhecida história do pernil decepado:
Um rapaz foi passar o Natal na casa de sua noiva, que fez um gordo e caramelizado pernil de porco. Curioso com a apresentação do prato à vasta mesa natalina, notou que a ponta do osso do pernil estava cortada. Perguntou à amada qual seria o motivo de tanto esforço, já que um osso é um osso, e não uma cartilagem mole.
Surpresa com a pergunta repentina, a noiva foi direto à mãe, com quem tinha aprendido os ofícios da culinária:
- Mãe, por que é que você corta a ponta do osso do pernil?
- Não sei não, minha filha, aprendi com sua avó. Vá perguntar a ela.
Foram procurar pela avó, que nem cozinhava mais, mas encontrava-se na varanda bebericando sua cidra de pêssego:
- Vovó, por que é que a senhora cortava a ponta do osso do pernil?
- Porque não cabia no meu forno.
Uma história idêntica me ocorreu quando perguntei a uma auxiliar de cozinha porquê que ela colocava uma lata de purê de tomates no feijão cozido:
- Sei não, minha filha. Aprendi assim.
Infelizmente a avó dela não estava lá para dar maiores justificativas. Ao longo dos anos fui notando que várias pessoas adicionam colorau ao feijão. Para dar uma cor? Um sabor psicológico?
É bom repensar os hábitos, não?
Uma vez um aluno me questionou, porque ouvira falar o seguinte: se você acrescentar sal na água em que deixa o bacalhau de molho, também dá certo de dessalgá-lo. Em seguida perguntou-me:
“é verdade isso?” Respondi com outra pergunta:
- Se você sair daqui de carro e dirigir de marcha-a-ré até sua casa, você chega lá? Certamente que sim. Mas tem necessidade disso?
Vamos parar de complicar, gente! Não é preciso plantar bananeira para fazer pastel de banana.
Como diz aquele cara simpático do GNT, mais com cara de trompetista de banda soul do que de chef de cozinha:
- Cozinhar é muito simples! É super simples!