DISCURSOS GASTRONÔMICOS E MACARRÔNICOS

quarta-feira, 25 de março de 2009

O ato de comer é uma experiência quase religiosa

Depois do prazer, a culpa. Só para a parte que é fiel à adoração do corpo. A outra parte, incrédula, não liga para os excessos e nem para o que come, isso quando se lembra do que come.
Há quem delire com experiências gastronômicas, individuais e em grupo.
Há quem coma de joelhos e há quem garanta que, entre uma gama de sabores e outra, tenha sentido a presença de Deus.
Há quem abomine derramamento de sangue e há quem o cultue.
Há quem agradeça o pão nosso de cada dia, mesmo sem fé. E há quem blasfeme sem arrependimentos posteriores.
Há quem julgue a terceiros pelo que comem ou pelo que deixam de comer.
Existem os fanáticos, que defendem e pregam um só tipo de comida.
Os devotos, os que se dedicam a comer muito e os que se dedicam a comer pouco.
Os viciados confessos e os que comem em segredo – e que nunca serão condenados.
Os que lavam as mãos, antes e depois.
E os desviados, que não estão preparados para qualquer alimento. Preferem jejum. E do pouco que consomem, expelem, como num rito de autoflagelação e autopurificação.
Atire a primeira pedra quem nunca bebeu destas águas.

2 comentários:

Denise disse...

ah, quantas emoções estão relacionadas ao comer... e ao não comer, o querer mas não poder, ao sonhar com comer...
jamais confiarei em alguém que só relaciona a comida com nutrição.
tem tantas outras coisa nesta panela...
beijos
denise

Regina Bui disse...

Achei lindo!