DISCURSOS GASTRONÔMICOS E MACARRÔNICOS

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Vãs filosofias

Assunto de cozinha pode render muito. Afinal, são tantas as dicas, truques, misturas, receitas e trocadilhos que fazemos, improvisamos e testamos que, mesmo quando temos os mesmos ingredientes em cena, conseguimos criar um capítulo com um saborzinho à parte.
Mas existe algo bem parecido no cotidiano – mesmos ingredientes, porém, com capítulos diferentes mas insossos – que me intriga muito mais.
Involuntariamente, um assunto que martela as minhas têmporas e que é mais destemperado que vatapá sem pimenta, cruza meu caminho em algum momento do dia. Um assunto que exige de alguns tanta energia e dedicação como aquela que diariamente investimos no ato de nos alimentar: uma questão de sobrevivência.
Atenção, solteiras (ou casadas aventureiras): que tal conhecer um grupo de homens que três ou mais vezes ao dia se reúnem para filosofar, defender suas teorias, sonhos e expor soluções inteligentes e coerentes? Parece sedutor? Então vocês me perguntam, excitadas e ansiosas, onde é que vocês estavam que ainda não foram apresentadas a eles e, de uma vez por todas, onde é que eles estão? Eu respondo: em todo e qualquer programa esportivo. É incrível, mas futebol é mais debatido do que saúde, economia, sexo, educação e meio ambiente. Todo dia é um capítulo inédito cujo papo parece ser idêntico ao do dia anterior: “...porque aquele passe que o Marcinho deu foi igualzinho à jogada do Nelinho na copa de 94. Se o técnico não tomar uma providência o time dele vai pras cucuia! Eu colocaria o Betão no lugar do Lóvi e deixaria o Ricardo no banco de reservas. E digo mais: onde é que fica a cara da torcida na hora em que o adversário chegar com a bola toda?...” Pois é, né?

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