DISCURSOS GASTRONÔMICOS E MACARRÔNICOS

segunda-feira, 1 de março de 2010

Sopas de uma noite de verão

Odiava sopas na infância. Achava que por serem muito pedaçudas e densas, era comida de adultos, e que criança deveria comer só frango à milanesa com catchup e purê de batatas. Enrolava até não poder mais. Meu pai marcava no relógio: quando o ponteiro grande chegar no seis, quero o prato vazio. Esse tempo era de dez minutos. Enfim, inverno significava tortura chinesa – tudo por causa das sopas!
Hoje, invento de mil tipos, em qualquer estação do ano. Mas as de verão são especiais e mais elaboradas. Não é qualquer sabor líquido que agrada quando degustado frio ou morno.
Este fim de semana servi para os amigos uma sopa de abóbora cabochan (ela de novo), batata doce e mandioquinha (em proporção menor), fervidas e batidas com a própria água e um pouco de creme de leite. Nem uma pitada de sal, mas isso é opcional. Eu preferi sentir o mel de cada um desses legumes. O único segredo é o cuidado na hora de adicionar os líquidos, tem que ser aos poucos, para que o resultado final não pareça um suco ralo. A consistência é a de um creme homogêneo e aerado.
Lembrei-me também do consomê servido num jantar, cujo tema era de frutas na comida, o primeiro de uma degustação de sete pratos. Era feito de um delicado caldo de frango e carambolas e, ao provar, pegávamos carona nas asas da xícara de porcelana branca.
Amêndoas com castanhas-de-caju. Esta sopa levemente salgada e arrebatadora deve fazer parte de mesas angelicais nas dimensões superiores. Basta deixar as frutas secas dormirem em uma parte de água e outra de leite, e no dia seguinte, como um tornado branco e espiralado no liquidificador, transformar tudo em um surpreendente creme celestial.
Outra sopa boa, fresca e verde, pimenta cambuci com kiwi e salsa me faz lembrar gazpacho. Adoro! Sopa gelada espanhola, feita basicamente de tomate, pepino e pimentão e condimentada com azeite, pimenta-do-reino, cebola e vinagre. Em algumas receitas um pouco de alho. Essa é das fortes. E não à toa que tem a cara do Almodóvar.
Acho que sopas de verão são sempre emocionantes, por serem não-óbvias e imprevisíveis.

2 comentários:

Anônimo disse...

Aaaaaaaaaaaaaadooroooooooooooo sopinhas leves, e estas que vc deu a receita, hummmmmm babei, rs.
Delicia , trem bão mesmo, né.
Beijoss
mineira

Regina Bui disse...

Bão meassssss, néa?