DISCURSOS GASTRONÔMICOS E MACARRÔNICOS

terça-feira, 27 de outubro de 2009

As coxas gordas na intimidade

Você que é vegetariano e tem alguma tendência a problemas cardíacos, evite o texto. Ele contém descrições de cenas muito chocantes.
Comer frango, justo aquelas partes com osso, é tão íntimo quanto ir ao banheiro. Quem degusta uma grande coxa ensopada num restaurante muito arrumadinho (pode ser um pato ou uma codorna, inclusive), faz uso de garfo, faca, destreza, paciência e muita formalidade, sem dúvida nenhuma.
Se o ambiente for uma churrascaria mais descontraída, arrisca segurar a extremidade do osso para abocanhar as partes molinhas e úmidas que se soltam do osso com facilidade. E o devolve no prato parecendo um grande cotonete - pelo menos as crianças fazem isso em público, sem culpa, e quem não faz, fica com vontade - porque roer as cartilagens das pontas nem pensar!
Devorar um frango à passarinho num boteco também não é o momento mais íntimo e revelador de um apreciador das partes tostadas da ave? Lambuzam os dedos sem medo algum, pois outros clientes fazem o mesmo no balcão.
Mas dentro de casa é o lugar e o momento dos fãs do tutano cozidinho que se regozijam em glória: quebram e sugam todos os ossos sem perdão nem dó, e fortalecem secretamente os dentes, prontos e afiados para uma próxima vez.

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