DISCURSOS GASTRONÔMICOS E MACARRÔNICOS

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Visões gastronômicas


“Olhei e eis que um vento tempestuoso vinha do norte, e uma grande nuvem com fogo a revolver-se, e resplendor ao redor dela, e no meio disto uma cousa como metal brilhante que saía do meio do fogo...” Ez 1: 4
Gosto muito da maneira como Ezequiel descreve suas estranhas visões e acho a linguagem muito apropriada para tal.
Do mundo das cozinhas e restaurantes carrego na memória lembranças curiosas para contar aos meus sobrinhos-netos e, inspirada no profeta bíblico, assim as descreverei:

“Vi um doce de jiló num restaurante semi-falido, cuja conservação em sua própria calda lembrava-me as experiências de Jerry Lewis na pele do Professor Aloprado. O corante verde que o maquiava era semelhante ao césio-137 goiano, o que contribuía ainda mais para caracterizá-lo como uma sobremesa patriota”
“Descreveu orgulhosamente um comensal sua experiência de provar um spaghetti com tomate e, pasmem: sagu. Justificou-me imediatamente, diante de minha cara de irônico espanto, que as bolinhas cozidas serviam para dar consistência e espessura ao molho”

“Confessou-me sem constrangimento uma prima recém-casada que pensou que o arroz ficasse pronto como o milho de pipoca – estourando em óleo quente. Concluiu seu equívoco assim que a panela se incendiou”

“Recomendou-me secretamente uma ajudante, que nunca usasse Band-Aid caso cortasse meus dedos, pois esta mesma perdera o curativo em plena atividade na cozinha de um restaurante onde trabalhou e, de tanto rezar, felizmente não recebeu reclamação alguma de clientes naquela noite, e não comprometeu assim, a reputação do estabelecimento e também o seu emprego”



Foto: Regina Bui

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