Se me perguntarem o nome verdadeiro desse nordestino porreta não saberei dizer. Só sei que ele era muito bravo. Fulminava com o olhar a qualquer um que o atrapalhasse na cozinha, apesar da aparência fragilizada. Zoom trazia alguma coisa de revolta dentro de si, talvez pela história de vida sofrida, mas com dignidade agarrou com unhas e dentes as oportunidades que lhe surgiram na carreira de cozinheiro. Unhas muito bem cuidadas se bem me lembro, e os dentes, afiadíssimos - iguais aos palavrões que soltava. Era dono, porém, de um coração imenso e de uma sensibilidade ultra feminina. Por isso alguns o odiavam e outros nem tanto. Mas Zoom era muito calejado para sentir ou se deixar abater por qualquer manifestação de preconceito. Dizia estar cansado da cozinha e sonhava mesmo em fazer um curso de cabeleireiro. Quando o conheci, era ele o responsável pelo preparo da comida dos funcionários, garçons e ajudantes de cozinha. Pontualmente às onze da manhã, antes do restaurante abrir, ele avisava ao primeiro que passasse: “A comida tá pronta. Chama a cadelada!!!”
DISCURSOS GASTRONÔMICOS E MACARRÔNICOS
domingo, 20 de julho de 2008
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2 comentários:
é real?
Sim. O Zoom parece ser uma lenda viva!
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