Sabe aquele momento difícil, quando o somellier lhe entrega uma carta de vinhos e você nem imagina o que pedir? Ou não quer gastar tanto com a bebida, mas fica constrangido em pedir um vinho mais em conta, sabendo que este poderá não combinar com a comida? Mais delicado ainda é o ritual feito na sua frente, após a chegada da garrafa, pois parece que o restaurante inteiro está avaliando se sabe degustar da maneira correta. Abro aqui este assunto falando pelas pessoas que se sentem desta maneira.
Por outro lado, um sommelier com quarenta anos de profissão confessou: “Sabemos de longe quem conhece bem, quem arrisca um pouco e quem não sabe nada sobre vinhos. Mas o pior é aquele que não entende e fala muito. Quer dar um de entendido e acaba fazendo feio.”
Mas afinal de contas, todo mundo agora precisa entender sobre vinhos? Claro que não, os profissionais que lhe servem também sabem disso.
De repente parece que a sociedade é dividida entre conhecedores de vinho e ignorantes. Ora, nós estamos falando de uma especialização tão complexa quanto uma cirurgia de coração. Será que todo mundo que se sente pressionado a dar uma opinião a respeito daquela safra proveniente de um tradicional vinhedo francês ou um recém-chegado australiano precisa se pronunciar?
Eu mesma, que esbarro na questão frequentemente, tenho um especialista como braço direito. Hoje, mais do que nunca, a harmonização de vinhos é muito mais complicada e imprevisível do que nos velhos tempos do “peixe combina com vinho branco e carne com vinho tinto”, por no mínimo dois motivos:
a cozinha contemporânea, que permite mesclar ingredientes e temperos do mundo todo, dita ordens muito específicas a respeito disso. É possível que uma carne de caça seja servida com determinado vinho branco, se o molho que a acompanha for composto de uma fruta cítrica e adocicada. Outras vezes o tempero é quem impera.
O segundo motivo seria a quantidade de novos rótulos que surgem por aí, com suas variações de cepas, assemblage, terroir... (como vocês podem ver, até a nomenclatura intimida).
“O ritual do vinho vai muito além da estética. A função do profissional é orientar os clientes”, afirmou uma consultora de vinhos.
Quem não é conhecedor de vinhos que fique à vontade quando senta à mesa, pois vinho é prazer e não dever. Deixemos o dever para profissionais.
Foto: Regina Bui
Foto: Regina Bui
9 comentários:
Oi Regina...
tem um livro q aborda bem esse assunto: "Não Entendo Muito de Vinho, Mas Sei do que Gosto"...
alias, indicaria pra um bom numero de conhecido eno-chatos q andam arrotando conhecimentos vazios...rs
Não consegui ainda ler esse livro, mas ouvi falar muito bem dele. Os eno-chatos são foda!
Regina, concordo com você. Eu gosto de vinhos mas não sou estudioso no assunto e mal consigo harmonizar pratos e vinhos. Não é para isso que existem profissionais capacitados nos bons restaurantes?? Para nos ajudar. Sou da opinião que sinceridade é o melhor negócio, é só pedir ajuda... não é?? Abraços.
Profissionais capacitados, sim. Porque os arrogantes também merecem vaia!...
bjs
Ah! ja topei com esse tipinho arrogante e foi aí que eu passei a ficar constrangida. estabeleci que gosto de algumas uvas e de algumas vinículas e so peço o que conheço mas sei que perco com isso. agora vou voltar a ter coragem de pedir ajuda e me posicionar diante dos arrogantes. Valeu Regina!
Cadê você Regininha?
Bora muié que a gente ta com fome...!
Minina, tô trabalhando agora num restaurante daqui de Campinas e sem muito tempo pra nada. Mas tenho já dois textos no forno, um quase saindo e o outro só falta corar. Você sabe, né? Coloco fermento no assunto e espero crescer. Ou deixo marinando no vinho com ervas. Quando chegar no ponto eu solto!
Bjs
Olha, acho que seu texto foi bem bom!Apreciar e degustar a comida éum dos melhores prazeres da vida (na minha singela opinião) e se existe quem recomende no estabelecimento, que faça seu dever!
Excelente, adorei a dica!
Gozar na refeição , é tudo de bom!
em minha singela opinião também é um dos melhores prazeres da vida e deve ser do início ao fim. É isso aí!
bjs
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